Como se adaptar à inflação durante a pandemia

O mês de agosto de 2021 deu um susto nos brasileiros, por conta dos aumentos exorbitantes nos preços em decorrência da inflação, aumento dos derivados de petróleo e das consequências das mudanças climáticas, prolongando o período de estiagem prejudicando parte da cadeia produtiva.

Caio Mastrodomenico, especialista em finanças e CEO da Vallus Capital, fintech de antecipação de recebíveis, ressalta que vários fatores influenciam no contexto econômico que atravessamos, dentre eles a alta no índice que mede a inflação ao consumidor, tendo como principais vilões a alta da energia elétrica e dos combustíveis, que refletiram diretamente no aumento dos custos de produção diminuindo as margens e aumentando os preços, além da sazonalidade na produção de produtos agrícolas.

Como se adaptar à inflação durante a pandemia

Mastrodomenico também chama a atenção para a alta nos aluguéis, que são ajustados anualmente pelo IGPM e estão sujeitos aos aumentos decorrentes da inflação. O acumulado em 12 meses ultrapassou os 30% inviabilizando o repasse aos inquilinos, visto o momento de crise econômica que o Brasil está atravessando. “O bom senso na hora da negociação deve prevalecer. Aproveite para renegociar os preços e procurar novas opções de locação, deixando o custo do aluguel dentro da margem prevista nos custos gerais”, indica.

Para o CEO da Vallus Capital, essa instabilidade econômica, também trouxe para o empreendedor o desafio de precificar os produtos e serviços de maneira correta, impondo certa dificuldade na hora de compor os preços por conta da complexidade de aferição de custos tributários e gerais.

“Neste caso quem opta por levantar todos os custos inerentes à venda dos seus produtos e serviços, acaba obtendo um resultado melhor nessa equação”, orienta.

Segundo ele, a conta geralmente é simples e envolve o preço de custo, valor dos tributos incidentes na venda e a margem de lucro.

“Se achar dificuldade no levantamento desses dados, procure ajuda de um contador para levantar esses custos de maneira precisa. Importante também é manter o preço em um patamar de mercado para acelerar a venda, e para isso, analisar o preço da concorrência pode ajudar”, recomenda.

Outra questão considerada por Mastrodomenico é o “pé no freio” que o consumidor deu devido à pandemia.

Segundo ele, o País vive um momento de crise econômica, de modo que é normal os consumidores se manterem mais rígidos nos fechamentos de negócios.

“Adotar medidas simples pode mudar essa dinâmica com facilidade como, por exemplo, proporcionar um bom atendimento ao cliente. Quem nunca foi a uma loja em que foi super bem atendido e comprou um produto mesmo sem querer porque se sentiu constrangido em não levar?”, questiona.

Embora o mercado tenha sofrido uma retração, as pessoas não deixaram de consumir e o Brasil é um país em que predomina a cultura do parcelamento. Segundo Mastrodomenico, antigamente era comum as pessoas terem uma “conta” em um mercadinho, padaria ou farmácia, para consumir os produtos e pagar no final do mês.

Nesse formato o empreendedor financiava o seu cliente e assumia todos os riscos da operação e da análise de crédito mesmo sem ser um banco. “A cultura continua, porém de maneira mais segura com boletos registrados e cartões de crédito”, completa.

O especialista em finanças recomenda aos comerciantes oferecer opções atrativas aos seus clientes e que possam também serem rentáveis para o seu negócio. Segundo Mastrodomenico, outro desafio muito comum para o empreendedor brasileiro é saber lidar com o fluxo de caixa, tendo em vista a vasta opção de parcelamentos disponível no mercado.

“Projetar caixas futuros pode ser um obstáculo para quem geralmente empreende, então opções de antecipação de recebíveis pode ser a melhor alternativa para esse problema. Ao antecipar os recebíveis, o empreendedor traz um recebimento futuro para o caixa do dia, além de melhorar o fluxo de caixa, organizar as contas e aumentar o controle do seu negócio”, argumenta.

Para o CEO da Vallus Capital, a antecipação de recebíveis é a melhor opção ao crédito para beneficiar o giro de capital, mas como se trata de antecipar um recebimento futuro, é necessário critério na hora de adiantar os recebimentos, visto que “em caso do não pagamento por parte do cliente, a empresa que antecipou acaba assumindo a dívida dos valores em aberto, e se não estiver programado, pode apertar o caixa novamente gerando perdas para o empreendedor”.

Por: Caio Mastrodomenico, CEO da Vallus Capital. Pós-graduado em Mercado financeiro e de capitais e comentarista político e econômico.

Fonte: Rede Jornal Contábil .

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